O que você vai ser quando crescer?

Diante da possibilidade real de envelhecer, como você se sente?
A maioria das pessoas parece não estar bem com esta ideia, mas a realidade do envelhecimento está ao nosso lado, a cada dia que passa. Talvez fosse melhor que pudéssemos compreender este processo que acontece conosco e fazer parte desta decisão, e não apenas escolher ser uma vítima do tempo.
Em 1900 seria uma felicidade se pudéssemos passar dos 40 anos. Hoje, nossa vida, muitas vezes, só encontra sentido exatamente a partir dos 40 ou 50 anos e acreditamos que o melhor pode estar por vir. O problema maior que nos ronda é que para chegarmos aos 80 anos ou mais, precisamos envelhecer.

O mérito (ou a responsabilidade) vai depender exclusivamente das nossas escolhas de comportamentos internos e externos realizados a cada dia, a cada momento da nossa vida.

Se uma pessoa for vista apenas sob o ponto de vista físico, dificilmente vamos ter um envelhecimento de sucesso. Diante deste engano, vemos as pessoas sendo escravizadas por regras abusivas de dietas, medicamentos, vitaminas e suplementos, além da crueldade da ditadura da beleza física permanente. Assim fica impossível chegar bem nem aos 40 anos, que dirá aos 80. Os avanços da ciência e da medicina têm papel indiscutível sobre a melhora da nossa expectativa de vida.
Mas existe o lado B de tudo isso: parece que as pessoas menos comprometidas com a saúde passaram a acreditar que temos fórmulas mágicas que podem resgatar todas as atitudes erradas frente às escolhas sobre os cuidados com nosso corpo. Existe uma falsa proposta de que tudo o que fizemos de errado pode ser resolvido por remédios de última geração, vitaminas e soros milagrosos, plásticas e tratamentos estéticos caros e de risco muito maior do que os benefícios oferecidos.

Só envelhece bem quem viveu em plenitude cada dia da sua vida.

Não precisa ser alegria em plenitude, precisa ser um tempo de vida. E então vamos para a angústia de metas impossíveis de controle das emoções, treinamentos mentais exaustivos sobre afirmações positivistas, crenças e mitos sobre o uso abusivo e sem fundamento dos antidepressivos e remédios para ansiedade; que vão levando as pessoas não ao conforto, mas sim a mais um sofrimento: a ditadura da felicidade ou da estabilidade emocional constante: uma escravidão permanente que priva as pessoas de simplesmente viverem tudo o que a vida pode oferecer.

Na maioria das nossas crises, temos condições emocionais de superação, mas não temos paciência para esperar o tempo de transformação.

As pesquisas cada dia mais mostram que envelhecer de maneira socialmente ativa é muito favorável. Acredite: chegar ao fim da vida dizendo ao mundo o quanto tem de felicidade em viver depende quase que exclusivamente da qualidade das relações humanas que desenvolvemos ao longo de toda a vida. E nesse contexto das relações a primeira a ser incluída é o relacionamento que temos com a nossa saúde física, mental e emocional.

Não adia a resposta: você acha que consegue ser feliz a tempo?

25 respostas

  1. Estou encerrando o meu plantão em um Caps, sou Psiquiatra, trabalho para transformar a ansiedade que cada paciente tem em busca da sua felicidade. Que está escondida nele.

  2. Acredito firmemente e por experiência própria ,que viver uma vida plena nos faz ser uma pessoa transparente nas suas escolhas e em completa harmonia com o contexto. Envelhecer, se torna mais fácil pois essa pessoa já está acostumada a ler-se,

      1. A felicidade dá trabalho, precisa dedicação e atenção aos sentimentos e percepções dos fatos que vão ocorrendo na vida. Estar presente no presente é o meu desafio para uma vida feliz. Estou no processo, cada dia um aprendizado.

  3. É uma grande possibilidade. Realmente a vida ganhou um sentido novo a partir dos 50 e poucos, quando eu achava que seria uma curva descendente. Quantas coisas a serem superadas, quanto olhar a ser redirecionado! E fico feliz por não ser escrava da estética, mas me preocupar em estar bem puramente para meu bem estar.

  4. Seu enfoque sobre envelhecer é muito equilibrado ,concordo com vc. Se soubermos fazer boas escolhas ao longo da vida,certamente teremos um envelhecer feliz!
    Como sempre,Ana Claudia maravilhosa!

  5. Ótimo artigo, ótima reflexão. Estou entrando numa fase da vida onde os hormônios não se conversam mais(rsrs), e ai vem a instabilidade, emocional,fisica, mental.
    Estou indo atrás do prejuízo. Não quero virar uma loba do sexo ou a louca do esporte, mas pelo menos permitir qye o meu corpo e mente trabalhem a meu favor.

  6. Artigo muito importante pra mim nesse momento de vida. Tenho passado momentos difíceis com medicação que gostaria de não usar. Acredito que ainda dá tempo de recuperar um pouco

  7. Aos 48 quase 49 anos rsrsrs, conquistei minha primeira graduação ( Gerontologia 🥰) tenho me preocupado em como envelhecer bem, já carregando o resultado das escolhas erradas até aqui, hipertensão e obesidade, sigo entendendo que posso sim conseguir melhorar meu envelhecimento e seguir para o deserto com algum conforto, muita gratidão por sua vida🙏🏽🥰. Gostaria muito de conhecê-la .

  8. É difícil envelhecer, mas é terrível morrer jovem. Estou com 66 anos, derretendo como um sorvete ao sol, brochinha, pele cheia de pintas, bigode chinês, flacidez nos braços, coxas, uma pochete na barriga, mas estou em paz com esse processo. Em alguns momentos fico saudosista e olho minhas fotos com 20 anos e falo: puta que pariu, sacanagem. Poderíamos ficar com 80 mas com o shape de 20. Bora seguindo, gosto de mim hoje.

  9. Sempre achei os 60 o marco do envelhecer assim das nhacas eheh… e venho dando conta do recado. Sendo feliz curtindo tudo…ainda tenho mãe de 95, filhos , neto e amigas , viagens . Fazendo planos pro futuro, não podemos parar de sonhar.

  10. Gosto imensamente do que aprendo com Ana Claudia, cuidados paliativos, envelhecimento e todos os aspectos envolvidos. No entanto, apesar de saber que há excesso no uso de remédios psiquiátricos, no meu caso, é uma realidade que se impõe. Então, a minha sugestão é um maior cuidado na abordagem dos psicofármacos prescritos por bons médicos, por psiquiatras que foram buscados com muita cautela. Isso é um investimento e um cuidado paliativo que me proporciono, trazendo-me imensa tranquilidade para viver a vida em toda a sua riqueza. Há pessoas que usam indiscriminadamente. Há outras que nao fazem mau uso da medicação.

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